Mas o tive para gastá-lo. Sobre-utilizá-lo. Super-estimá-lo. Até escolher perdê-lo. Logo o quê?
(Aproveito e pergunto quando vou conseguir enganar-me. Eis uma arte a se dedicar tempo. Enganar-se é quase como sobressair a si. Engodar o próprio eu que procura se elucidar. Confuso? Engana-se.)
Mas ao invés de acusar o tempo, penso novamente em outros culpados. E, como por muitos mal-do-século, tudo pode ser atribuído ao fato de ser gay, vou esforçar-me em culpá-lo. Enganando-me. Ou tentando apenas. E, dentro dos mais absurdos esforços, questiono-me: será que neste mundo de faces e festas, acabamos nos diluindo e perdemos aquilo que realmente nos importa?
Facilidades para isso são muitas. Há o frívolo. Os. O que entretém embora não contenha. Há a música que faz calar a voz, o álcool que entorpe o dissabor e o colo que aquece a noite. Existe o cansaço do fim da noite que não acaba, o sono que torna-se apenas intervalo e o ciclo que insiste em insistir.
Mas nada disso é ruim. Não necessariamente. Não se vier acompanhado. Não de outrem. Mas dela. A verdade. A sua. Estas que serão sempre suas respostas. As que lhe ladearão. Companheiras.
Afinal quais são as suas? O que lhe compõe? O que lhe mantém?
Não há necessidade de personagens. Nossas festas não são a fantasia. Não há prioridade para disfarces: não há determinismo que implique em algo assim. Temos que admitir que raso é raso. No mundo/local/meio que for.
O problema talvez seja procurar essência em festejos. Em outros. Completar-se com o que só acoberta.
Há tempo porém. De sobra. Para tudo. Parar tudo: eis-me aqui. E isso é motivo mais que suficiente para festejar. Afinal, que horas a folia começa?