Pessoas do céu e gente da noite

domingo, 6 de julho de 2008

É só mais um rótulo. Um dos milhares que existem. Mais outro desses que insistem em estampar defronte sua cara: Aviso - ele é gente da noite!

Tal título podia ser confundido com alguém taciturno. Quem sabe ao contraponto da experiência: uma certa amargura, já ter passado por tantas decepções que se bloqueara às novas tentativas. Ou o oposto, contaminar-se noite após noite do excesso de oferta nas vivências perdidas que o noturno contém. Rodar de braços em braços festas e festas adentro.

Mas não: são pessoas. Nem o simples, nem o complexo. Apenas o ser. Ser quem se é, fazer-se o que se tem direito e não esconder a cara ou sentir-se diminuído por causa disso.

Fica, porém, o questionamento. Por que quem não esconde a cara e permite-se ser quem verdadeiramente é torna-se alvo constante de críticas, pré-julgamentos ou preconceitos pelos os que não o fazem? Ou melhor, por aqueles não o conseguem fazer?

Talvez porque incomodem. Pertubem a paz por simplesmente estarem. Importunam por o serem. E o que é real transfoma-se em insulto aos disfarces alheios.

Seus passos, outrora seus, animam agora conversas ao pé d’ouvido. É como cedessem parte da sua vida ao público. Sinal que vida eles têm de sobra. Tornam-se públicos sem nem, muitas vezes, terem consciência disto. E, mesmo volutariando-se a tal posição, já pagam por isto sua parcela.

Que apontar o dedo e fazer julgamentos baseados na superficialidade é uma regra de pessoas menos perspicazes, não há dúvidas. Não seria diferente no universo gay. Tais mesquinhos merecem o título que acabam recaindo sobre todos nós – o da superficialidade. Sentenciam o complexo humano ao trivial trio aparência, apetrechos, status.

Existem, porém, os bons. Os régios. E são muitos. Mais do que a campanha adverte. E ao invés de contaminarem-se dessa maldade, endurecerem ou amargurarem-se, preservem a luz. Porque, apesar de muitos tentarem, autenticidade não pode ser facilmente apagada.

E para aqueles cuja única essência conhecida deriva dos eaux de parfum, fica o conselho: parem e observem sim. Mas aprendam como se faz. E melhorem.